Biomecânica dos músculos no cotidiano
Dançar, andar, ficar em pé, falar, escrever, todos os mais simples movimentos que fazemos no dia a dia estão relacionados a vários efeitos biomecânicos e fisiológicos na complexidade do corpo humano.
Em nosso corpo, temos aproximadamente cerca de 650 músculos os quais são necessários para se fazer toda e qualquer atividade do cotidiano. Portanto, o desempenho da musculatura é muito mais forte do que uma mera força bruta.
A musculatura corporal humana foi herdada por mamíferos e precisou sofrer algumas variações para que pudesse manter o tronco em pé. As mãos, livres do solo, tiveram de modificar os músculos típicos dos quadrúpedes, a fim de poder fazer movimentos complexos e elaborados.
Na verdade a maioria dos músculos faz o mesmo movimento, contraem-se. Mas alguns músculos não obedecem a vontade humana e se movimentam involuntariamente, esses são os chamados músculos involuntários que respondem os estímulos fornecidos pelo Sistema Nervoso Autônomo. Mas quase todos os músculos involuntários são fundamentais, como os ciliares do olho. O olho humano pode ser comparado a uma máquina fotográfica que precisa focalizar um objeto de acordo com a distância em que se encontra dele. O dispositivo que usa para isso é uma estreita faixa de fibras musculares atrás da íris o disco colorido do olho. Ao se contrair, aumenta a curvatura do cristalino, uma espécie de lente natural. A curvatura acentuada é necessária para se enxergar de perto. Por isso, certas atividades, como a leitura prolongada, podem cansar a vista, ou seja, cansar esses músculos que ficam contraídos por muito tempo. Eis também por que focalizar um ponto distante é um colírio para os olhos: a curvatura precisa diminuir e os músculos se estendem. Com toda essa importância dos músculos involuntários, eles são a minoria no corpo humano.
Os músculos voluntários, cerca de 500, possuem mais importância e são comandados pelo Sistema Nervoso Central. Esses músculos são nomeados de esqueléticos, pois terminam em forma de tendões. O músculo cardíaco, o mais importante de todos, é considerado um tipo à parte porque, embora seja estriado, se contrai graças a um sistema nervoso próprio. O músculo é do tipo de “contração constante”, até mesmo quando se vai dormir pode-se observar que há uma pequena contração, conhecida como tônus muscular.
Cada fibra muscular tem uma resposta, ou seja, elas podem se contrair ao máximo ou ignorar o estímulo nervoso. As fibras de um mesmo músculo se excitam em graus diferentes: algumas, mais sensíveis, iniciam a contração 4 milésimos de segundo após um estímulo; outras fibras respondem num período muito maior, caso o cérebro insista na ordem. Outro fator importante é o número de células nervosas motoras que o cérebro escalou para levar a ordem ao músculo, assim como o número de fibras que cada uma dessas células nervosas, por sua vez, controla. Um exemplo é o movimento feito pelos dedos de um músico instrumentista, que é possível devido o controle nos nervos motores sobre algumas fibras.
Em atividades do cotidiano, pode-se observar a ação do bíceps. Por exemplo, no movimento de levar a xícara aos lábios, o bíceps se contrai e diminui a distância entre os ossos, utilizando a articulação do cotovelo, fazendo uma contração concêntrica. No momento em que vai manter a xícara na altura da boca, haverá uma contração isométrica, pois uma contração será imposta para que não haja o movimento. Finalmente, quando se leva a xícara para o local onde ela estava, sobre a mesa, haverá uma contração excêntrica, ou seja, haverá a interrupção gradativamente da contração. Nesse movimento, há também a participação do tríceps. Na contração concêntrica, este será antagonista; na isométrica será agonista.
Os músculos possuem também uma grande importância no sustento da postura corporal. Por exemplo, quando os músculos dos abdominais se encontram fracos, eles não se encontram capazes de sustentar as vísceras, podendo causar assim uma lordose (curvatura exagerada da coluna lombar). Está provado que músculos fortes evitam o tão doloroso endurecimento das articulações e também doenças graves como a osteoporose ou desmineralização dos ossos. Sempre se soube, por exemplo, que os músculos do braço direito de um tenista destro são mais desenvolvidos que os do braço esquerdo. O que se descobriu faz pouco tempo é que também os ossos do braço direito desse tenista são mais largos. Antigamente, acreditava-se que, com o passar dos anos, os músculos deviam ser poupados. Nada mais errado. Todos devem dançar, andar, nadar. Enfim, o segredo de tratar bem os músculos é saber que ninguém pode se dar ao luxo de ficar parado. Graças à Biomecânica, que mostra quais músculos participam de cada movimento, pode-se tirar melhor proveito dos exercícios. A ciência, acabou esclarecendo muita coisa.
Anne Rocha
Lilian Farias
Maressa Bezerra
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